A única coisa que maculou meu final de semana foram as duas tragédias que aconteceram nas minhas cidades do coração. Enquanto estávamos quentinhos, felizes por termos abrigo, bons drink, bons petisco, boas palestra e ÓTEMA INTERNET no Encontro de Blogueiros, em Foz do Iguaçu o mundo caía e caía feio. Chegamos a ver, sim, o vendaval, a tempestade, mas dela o máximo que nos afetou foi o barulho da chuva e os trovões que ouvimos.
Soubemos que algumas regiões da cidade foram bastante atingidas, árvores caídas, ruas alagadas e até um senhor morreu por que sua construção desabou sobre sua cabeça. Isso foi, realmente, muito triste.
E, se não bastasse a tristeza com minha cidade do coração, meu coração partiu com minha terra natal. O Mercado São Bráz, MEU MERCADO SÃO BRÁZ, que eu visito desde que me entendo por gente, teve mais de 60% de suas instalações devastadas pelo incêndio que começou num supermercado ao lado.
Eis a bomba.
Fachada pro calçadão. E as delícias que proporcionava.
Fachada pra rua, fachada de trás. Onde eu sentia o cheiro de peixe mais característico da cidade de São Sebastião
E agora, eu pergunto:
Onde mais eu vou sentir cheiro de peixe?
Onde mais eu vou comprar tênis nas férias?
Onde mais eu vou comer o mais gostoso bate-entope com Guaracamp?
Onde mais vou comprar flores pra levar pra praia no Ano novo? Aliás, onde mais eu vou sentir cheiro de rosas, palmas e margaridas todas juntas?
Onde mais eu vou sentir cheiro de flores?
Onde mais eu vou mexer com passarinhos, simplesmente apontando o dedo no vidro? (Passarinhos que, a propósito, morreram todos com as chamas.)
Onde mais vou me sentir a fotocópia da minha mãe?
Onde mais vou procurar o que só o sudeste me dá?
Onde mais vou ter referências da minha infância?
Agora, por onde vou passar da Augusto Vasconcelos pro Calçadão? (EU SEI QUE TEM A SILBENE, A SUPERLAR E OUTRAS, MAS, CONVENHAMOS!)
Onde mais?
De todo o calçadão, tirando a fachada, CLARO, era o único lugar que não tinha mudado desde que eu saí do Rio.
Estava exatamente preservado como em minhas memórias. Até a lanchonete da Silbene mudou, A Luzes foi a primeira a incendiar, há alguns anos (até então ela mantinha o mesmo visual – e até o mesmo cheiro!) e tudo o mais mudou de fachada, e/ou reformou e/ou fechou. Só mesmo a estação por fora ficou a mesma coisa (até o cheiro curtido de urina, mas eu acho que esse aí não vai mudar nunca).
O ruim mesmo é, se eu tivesse seguido morando lá, talvez eu nem sentisse tanto as mudanças, ou até sentiria, mas logo me habituaria ao novo. Mas como eu só passo pelo Rio uma vez por ano (e pela segunda vez estou a dois anos sem por os pés por lá), toda e qualquer modificação é um choque. Pra me identificar carioca, eu preciso buscar o que ainda existe desde que eu saí de lá (e na época, tinha seis anos!); e agora são muito poucas coisas mesmo; como o chafariz (HOJE SECO) na frente das Sendas, na Av. Cesário de Melo (POR DEUS, ME DIGAM QUE ELE AINDA RESISTE!); e o querido São Bráz.
Não, não sou conservadora. Sou saudosista.
PS: O Sendas da Cesário de Melo virou Extra. Sinto que vou morrer.